Diante de tantas transformações socioculturais dos últimos anos com a valorização das técnicas e tecnologias, o letramento digital se tornou um assunto inesgotável. O tema ganha ainda mais relevância quando o abordamos como possibilidade de inclusão social e democratização de conhecimento.
Seja em suas vantagens para o dia a dia das aulas ou como ferramenta para práticas inéditas dos professores, o letramento digital vai de encontro à uma nova realidade que se configurou com o desenvolvimento das TIC’s – Tecnologias da Informação e do Conhecimento: a dos excluídos digitais.
Vamos conversar mais sobre isso abaixo? Siga conosco.
O que é ser um letrado digital?
Regulamentado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o letramento digital diz respeito ao conhecimento que um indivíduo possui sobre textos multimodais, ou seja, textos que misturam palavras, elementos pictóricos e sonoros em uma mesma superfície, a qual está estabelecida nos aparelhos eletrônicos.
Munido desses conhecimentos o aluno ou professor letrado digital precisa, além de fazer o reconhecimento dos signos, compreender como utilizá-los nessas novas plataformas e como interagir nesse novo universo. O letramento digital necessita ir adiante dos códigos e ser incorporado nas rotinas escolares e de instituições de ensino como prática social.
O conhecimento somente é significativo nas chamadas TIC’s, Tecnologias da Informação e do Conhecimento, quando há aprendizagem conectada à prática social e não somente no código por si só.
Dessa forma, o letramento digital requer que os professores sejam flexíveis e corajosos frente às ferramentas digitais, mantendo-se como mediadores intransferíveis das discussões possíveis nesse ambiente, e atuando como filtro do que é ou não válido neste cenário.
Portanto, o letramento digital são as práticas de aprendizagem e ensino que permitem ao estudante estar inserido no mundo cada vez mais digital, reconhecendo códigos, símbolos, simbolismos, sentidos e produzindo conhecimento junto à rede, sem passividade.
Como o letramento digital promove inclusão social?
Como falamos anteriormente, o letramento digital promove um aprendizado para além da interpretação do código.
A exemplo disso, o letramento digital como ferramenta de inclusão social permite às pessoas em geral que elas possam usar mecanismos de participação que a internet oferece, como algumas atividades políticas. Permite também que os indivíduos existam de forma plena em um mundo cada vez mais digital, e que elas saibam como ter acesso ao conhecimento que está por toda a rede.
Há alguns anos, em 1996, no início da Internet, o físico espanhol Alfons Cornella cunhou o termo “infoxicação”. O fenômeno descreve a incapacidade do organismo humano de processar de forma saudável todas as informações dispostas na nuvem. Na época, a quantidade de dados e estímulos gerados não se comparavam aos de hoje, que, segundo a Social Good Brasil (SGB), nos últimos anos teve um volume maior do que a quantidade produzida em toda a humanidade. Portanto, torna-se imprescindível o ensino e aprendizagem do letramento digital contra a intoxicação e a favor da inclusão social completa e da democratização do conhecimento.
Não há como pensarmos em uma realidade totalmente desconectada das esferas digitais e isso nos abre os olhos para as problemáticas da modernidade: de que forma podemos levar o letramento digital para as práticas pedagógicas? No Brasil, segundo um estudo de 2019 do TIC domicílios, produzido pelo Centro Regional para o Desenvolvimento de Estudos sobre a Sociedade da Informação, e vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, 26% dos brasileiros nunca acessaram a rede mundial de computadores. Isso corresponde a cerca de 47 milhões de pessoas. Ou seja, o letramento digital é uma necessidade e um instrumento valioso para lidarmos com a configuração de vida que vem se construindo, pautada na interatividade e conexão.
O papel da educação é fazer com que todos tenham participação ativa nesse contexto.