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Ensino integral em jornada ampliada: perspectivas de melhorias

O papel da escola no desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças e jovens vem sendo percebido com cada vez mais força. Um dos caminhos encontrados pelas instituições e educadores para construir a melhor experiência possível nesse sentido é o ensino integral. Para termos um bom entendimento sobre o ensino integral, temos que voltar para os primórdios de sua implementação, dada pela pesquisadora Jaqueline Moll.

 

Em sentido restrito refere-se à organização escolar na qual o tempo de permanência dos estudantes se amplia para além do turno escolar, também denominada, em alguns países, como jornada escolar completa. Em sentido amplo, abrange o debate da educação integral – consideradas as necessidades formativas nos campos cognitivo, estético, ético, lúdico, físico-motor, espiritual, entre outros – no qual a categoria “tempo escolar” reveste-se de relevante significado tanto em relação a sua ampliação, quanto em relação à necessidade de sua reinvenção no cotidiano escolar (MOLL, 2012).

 

Através deste formato, é possível proporcionar aos estudantes um maior tempo de permanência no ambiente escolar e com toda a estrutura e preparo necessários. O ensino integral, desta forma, não é compreendido apenas como a prática de passar mais tempo na escola, e sim da contribuição para um desenvolvimento completo do aluno.

 

Neste artigo você vai conhecer um pouco mais sobre o ensino integral e entender quais as principais vantagens e desvantagens de implementá-lo na sua instituição.

 

O que é e como funciona o ensino integral

 

As bases conceituais do ensino integral estão profundamente conectadas com a visão trazida pela BNCC a respeito dos indivíduos. Segundo as novas diretrizes da lei, a escola deve contribuir com o desenvolvimento de diferentes habilidades nos alunos, que os ajudem a se preparar para o seu futuro.

 

O recorte em questão tem como foco uma compreensão do modus operandi, para a paulatina reorganização da escola na perspectiva da Educação Integral, materializada através dos macrocampos para a oferta de atividades que expandam o horizonte formativo dos estudantes. Trata-se da proposição dos macrocampos de Educação Integral 5 como um conjunto de vivências, linguagens e conhecimentos disciplinares incorporados ao currículo por legislação, por iniciativas locais, por políticas intersetoriais e outras iniciativas, que abrem possibilidades de ampliação e ressignificação do tempo diário de/naescola (Moll, 2012).

 

E isso vai muito além dos conhecimentos técnicos repassados em sala de aula. Entram também nessa dinâmica as competências socioemocionais que contribuem para uma vida adulta com mais segurança emocional e capacidade de solucionar problemas. Sendo assim, entende-se o ensino integral com extrema relevância nessa construção.

 

A dinâmica do ensino integral deve proporcionar oportunidades de aprendizagem para além das quatro linhas da sala de aula, agregando atividades de diferentes naturezas. Aulas expositivas, exercícios práticos, jogos, recreação, filmes, rodas de conversa, laboratório etc. Todas essas são maneiras de tornar o ensino integral valioso para os estudantes.

 

Em resumo, as estratégias da educação integral contribuem para o desenvolvimento de seres humanos com senso crítico e capacidade de lidar melhor com as suas emoções. Essas são necessidades do mundo contemporâneo para um bom desempenho na vida adulta e no mercado de trabalho, por tanto, se mostram como importantes benefícios.

 

Vantagens e desvantagens do ensino integral

 

De maneira geral, o ensino integral oferece muito mais vantagens e benefícios aos estudantes do que desvantagens. No entanto, cabe aqui mencionar dois pontos específicos que merecem um pouco mais de atenção.

 

O primeiro caso é a associação direta de que, por estarem durante mais tempo na escola, os estudantes, em suma, terão uma educação de maior qualidade. Isso não é uma verdade absoluta porque, como mencionado anteriormente, ensino integral não significa somente passar mais tempo em sala de aula.

 

Para que haja qualidade no ensino integral, é necessário um planejamento da instituição, preparo para recepcionar e atender a todas as necessidades dos alunos durante esse período estendido e, acima de tudo, capacitação dos professores e mentores. Por isso, se a escola não estiver preparada, nada garante que deixar as crianças lá o dia todo será o melhor resultado para elas.

 

Além disso, a questão do tempo também impacta na criação e manutenção dos laços familiares, uma vez que as crianças e jovens passam mais tempo fora de casa no ensino integral. Este é um ponto de atenção para os pais e responsáveis, para o qual sugere-se um olhar mais atento e acolhedor quando as famílias estiverem reunidas.

 

Os professores também podem estimular o compartilhamento de atividades ou de momentos dos alunos com os pais e responsáveis. Uma sugestão é propor dinâmicas para serem feitas quando chegarem em casa, na hora do jantar, ou em momentos de lazer, por exemplo. Isso ajuda a fortalecer essas relações e evitar problemas de distanciamento ocasionados pelo maior período longe de casa. A oferta de atividades diferenciadas no turno oposto às aulas apresenta limites para a efetivação do projeto político pedagógico, por isso, requer a superação do dualismo turno e contraturno.

 

Essa reorganização curricular está implicada no fato de que as atividades diferenciadas não têm o mesmo peso dos conteúdos tradicionalmente compreendidos como escolares. Antes disso, o currículo escolar se configura como de tensão e de seleção cultural, que prioriza alguns aspectos da cultura em detrimento de outros.

 

A articulação das atividades diferenciadas e de abertura das escolas aos finais de semana com a organização curricular não se limita a incluir as oficinas na grade curricular oficial, transformando-as em outras disciplinas curriculares, entendidas, muitas vezes, como de menor valor. Essa superação requer o reconhecimento de novas dimensões da formação docente, o debate sobre conteúdos escolares consagrados no currículo e os que ainda são considerados “extraescolares” (Moll, 2012).

 

Já do ponto de vista das vantagens e benefícios, destacam-se as seguintes:

 

  • diversificação das atividades;
  • incentivo à produtividade e ao aprendizado;
  • estímulo ao desenvolvimento de competências sociais;
  • segurança dos alunos;
  • acompanhamento próximo de profissionais.

 

A aceitação ao ensino integral como formato padrão ainda encontra resistência em determinados ambientes, mas a sua implementação vem crescendo nos últimos anos. Os benefícios percebidos acabam superando as barreiras e sendo compreendidos como fundamentais para alguns pais e responsáveis.

 

E aí, a sua escola já trabalha com formato de ensino integral, ou já tem planos para implementá-lo? Avalie o cenário, consulte a comunidade de pais e responsáveis, promova debates e utilize todas essas informações para tomar a melhor decisão possível.