Cabe à escola trabalhar a temática e incentivar a criação de uma cultura inclusiva que valorize as diferenças e especificidades dos alunos
Independentemente da condição intelectual, física ou da necessidade especial, a inclusão escolar é um direito. É papel da escola promover o acesso à educação e à permanência dos alunos, respeitando e valorizando as suas particularidades e diferenças. Embora nos últimos anos a sociedade tenha dado passos para uma inclusão mais adequada, ainda há muito caminho a ser trilhado.
O primeiro requisito para trabalhar essa temática em sala de aula, de acordo com o professor e consultor da Inicie, Doug Alvoroçado, é entender que as pessoas são diferentes, que a escola é um espaço diverso e a diversidade faz parte da escola e da vida. É necessário compreender e promover a diversidade como um valor importante da escola e da Educação por meio de iniciativas que reflitam em todos os espaços da instituição – e, consequentemente, fora dela -.
Ao professor cabe repensar a sua prática pedagógica para possibilitar experiências, espaços de trocas e valorização de todas as manifestações que existem no contexto escolar. “Será que só o aluno que é muito bom em Matemática ou em Português merece destaque? E aquele que desenha bem? E o que é muito bom em esporte? Será que estamos valorizando vários tipos de inteligência?”, questiona Doug.
A prática pedagógica em sala de aula deve ser repensada diariamente de forma que a escola possibilite atitudes inclusivas, com a compreensão de que o estudante com deficiência, com altas habilidades, transtornos ou síndromes é uma pessoa como as demais, com direitos e deveres.
“O professor precisa criar em si uma cultura inclusiva e deixar morrer o capacitismo. Nunca estaremos preparados para todas as diversidades, mas precisamos criar essa cultura para sabermos lidar com diversas realidades”, frisa o consultor da Inicie.
Ter uma aula preparada para vários públicos, como um aluno cego, por exemplo, é uma forma de inclusão. De acordo com Alvoroçado, mesmo antes de ter um aluno cego, a aula deve estar adequada porque se um aluno cego chega na escola e percebe que a aula não está adequada para ele, não vai ficar, “e isso é promover a não-inclusão ou a exclusão”.
Um caminho pela frente
É inegável que houve avanços nas últimas décadas rumo à inclusão no Brasil; hoje, inclusive, existe uma legislação que ampara a temática e profissionais mais capacitados para desenvolvê-la, porém, há muito a se fazer para que a escola seja, de fato, um espaço inclusivo. “Ainda há negação de vaga, capacitismo e professor que pensa que vai dar a mesma aula todos os dias e ter resultados diferentes. Tem aluno com dificuldade de aprendizagem e professor com dificuldade de ensinagem”, observa o consultor da Inicie.
Buscar alternativas que criem mecanismos de inclusão e valorizem a diversidade é incumbência da escola e da sociedade.